Eis minha liberdade:
aquela que vive nos meus versos mesquinhos,
aquela que se desenha em tinta na minha pele,
aquela que pulsa das cordas de meu violão,
aquela proclamada pela minha boca com hálito de álcool.
Ei-la por completo.
O que foi? Algo lhe parece estranho? Parece-lhe parca vis a vis? Desiludiu-se? A esperava estonteante ao ler meus versos?
Não, leitor. Ei-la do jeito que é.
Mas que tolo fui eu: não há asas que desprendam da terra raízes profundas.
© Guilherme Cavalcanti
quarta-feira, 7 de novembro de 2018
Teu beijo
Teu beijo
Entrada pra tua’lma
Língua que acalenta e acalma
e que também incendeia o corpo inteiro.
Lábios que atiçam os desejos mais impuros (e por isso mesmo mais gostosos)
Lábios que zombam dos anjos,
dos arcanjos,
dos santos
e entidades.
Lábios que exploram minhas entranhas,
que bailam pela minha pele
e que se acalmam quando encontram o que lhe preencha toda boca.
Lábios que mineram pouco a pouco o gozo em lavra
em lava
que erupite e jorra.
© Guilherme Cavalcanti
Entrada pra tua’lma
Língua que acalenta e acalma
e que também incendeia o corpo inteiro.
Lábios que atiçam os desejos mais impuros (e por isso mesmo mais gostosos)
Lábios que zombam dos anjos,
dos arcanjos,
dos santos
e entidades.
Lábios que exploram minhas entranhas,
que bailam pela minha pele
e que se acalmam quando encontram o que lhe preencha toda boca.
Lábios que mineram pouco a pouco o gozo em lavra
em lava
que erupite e jorra.
© Guilherme Cavalcanti
Poema sem nome I
Rompeu o chão duro e seco a rosa, semeada em terra que o tempo tornou estéril.
Terra, rocha, pedra: nada deteve o seu desabrochar.
Contemplo, atônito, sua inesperada existência.
Palpeio-a por inteiro, atestando sua vida.
Toco suas pétalas. Admiro suas cores. Sinto o aroma que delas exala.
Chupo-lhe a seiva que goteja das folhas que arranquei. Regozijo-me com seu sabor.
Deslizo meus dedos pelo seu caule tortuoso.
Firo-me no espinho que desponta solitário.
Provo do sangue da ferida aberta.
Com amargor, olho-a novamente.
Ela desabrochou. Nada a deteve. Nem mesmo o sangue que escorre de meus dedos.
© Guilherme Cavalcanti
Terra, rocha, pedra: nada deteve o seu desabrochar.
Contemplo, atônito, sua inesperada existência.
Palpeio-a por inteiro, atestando sua vida.
Toco suas pétalas. Admiro suas cores. Sinto o aroma que delas exala.
Chupo-lhe a seiva que goteja das folhas que arranquei. Regozijo-me com seu sabor.
Deslizo meus dedos pelo seu caule tortuoso.
Firo-me no espinho que desponta solitário.
Provo do sangue da ferida aberta.
Com amargor, olho-a novamente.
Ela desabrochou. Nada a deteve. Nem mesmo o sangue que escorre de meus dedos.
© Guilherme Cavalcanti
Peguei a caneta
Peguei a caneta.
A peguei porque os Poetas já não traduzem mais meus sentimentos
meus sentidos
meu íntimo
meu eu
Nem eu mesmo sei me traduzir nessa espiral metamórfica em que me perco e me acho em ciclos indefinidos dentro de mim mesmo
Mas peguei a caneta mesmo assim
Ela não me traduz
não me define
não me comporta
não me amarra
Mas desnuda minh'alma
© Guilherme Cavalcanti
A peguei porque os Poetas já não traduzem mais meus sentimentos
meus sentidos
meu íntimo
meu eu
Nem eu mesmo sei me traduzir nessa espiral metamórfica em que me perco e me acho em ciclos indefinidos dentro de mim mesmo
Mas peguei a caneta mesmo assim
Ela não me traduz
não me define
não me comporta
não me amarra
Mas desnuda minh'alma
© Guilherme Cavalcanti
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