Rompeu o chão duro e seco a rosa, semeada em terra que o tempo tornou estéril.
Terra, rocha, pedra: nada deteve o seu desabrochar.
Contemplo, atônito, sua inesperada existência.
Palpeio-a por inteiro, atestando sua vida.
Toco suas pétalas. Admiro suas cores. Sinto o aroma que delas exala.
Chupo-lhe a seiva que goteja das folhas que arranquei. Regozijo-me com seu sabor.
Deslizo meus dedos pelo seu caule tortuoso.
Firo-me no espinho que desponta solitário.
Provo do sangue da ferida aberta.
Com amargor, olho-a novamente.
Ela desabrochou. Nada a deteve. Nem mesmo o sangue que escorre de meus dedos.
© Guilherme Cavalcanti
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